ROBERTO DE JESUS: NECESSIDADE DE COMPLETA “REFORMATAÇÃO” SE FOR CONTINUAR NA POLÍTICA

Ex-prefeito que se elegeu com quase 7 mil votos em 2016 não passou de 380 oito anos depois

Em nossa labuta de profissional da redação no dia a dia, quando o computador ou notebook começa a ficar lento demais, com travamento, erros de sistema, vírus, perda de dados e outros problemas, é hora de formatá-lo. Aí, é melhor chamar um técnico do que prosseguir tendo dor de cabeça. O ato de formatar um computador exige normalmente remover vírus maliciosos, apagar todos os arquivos e programas, incluindo o sistema operacional, e, depois, reinstalá-lo.

Escrevi o parágrafo acima para sintetizar, de forma exemplificada, a situação do ex-prefeito Roberto de Jesus, depois da eleição de 6 de outubro. Dos quatro candidatos a prefeito de Nanuque, ele foi o último, não passando de 380 votos, equivalente a 1,87% dos votos apurados e válidos nas urnas.

ESTRATEGISTA POLÍTICO DE SUCESSO

Não é preciso correr muitos anos atrás, apenas oito, espaço de duas eleições somente. Em 2016, Roberto ganhou a disputa de prefeito com 6.992 votos (34,05%), tendo como principal adversário Nide Alves de Brito, que já tinha no currículo o título de ex-prefeito por três vezes.

A disputa foi apertada: Nide obteve 6.758 (32,91%). Roberto emplacou uma diferença pequena, de 234 votos, mas ganhou. Interessante ainda é que, naquele pleito, Roberto revelou-se um estrategista político perfeito e formou um supertime de candidatos a vereador. Seu partido na época, o PSDC, alcançou 4.194 votos na disputa pelas vagas na Câmara, elegendo três vereadores.

Só para efeito de comparação, no mesmo pleito de 2016 o PMDB, partido de Nide, segundo colocado, não passou de 1.690 votos. Agora em 2024, o partido do prefeito reeleito Gilson Coleta, o PP, totalizou 3.779 votos para vereador. Reconhecidamente, Roberto foi brilhante.

De Jesus administrou Nanuque entre 2017 e 2020, quando se candidatou à reeleição, e foi obrigado a sentir na pele que seu governo havia sido reprovado pelos eleitores. Ficou em 3º lugar, com 2.828 votos (15,19%), abaixo de Nide, segundo colocado, com 5.412 votos (29,06%) e do estreante vencedor Gilson Coleta (6.942 votos – 37,28%).

E, finalmente, a eleição de 2024 desembocou-se com o fiasco de apenas 380 votos (1,87%) para prefeito, quantidade que ficou abaixo até mesmo do vereador menos votado – Gigi, do PV, que obteve 383 votos.

RÓTULO DE "MAIS PREPARADO"

Para quem tem mais de 30 anos e acompanha a política de Nanuque, era quase unanimidade a opinião de que Roberto de Jesus, advogado, afigurava-se como uma pessoa inteiramente preparada para encarar uma gestão pública. Poder-se-ia dizer que, de longe, aparecia como “o mais preparado” para o cargo de prefeito.

Antes de ser prefeito, Roberto trabalhou em prefeituras e câmaras de cidades vizinhas de Minas Gerais e da Bahia, tem pós-graduação e cursos de atualização na área. E ele demonstrou esse perfil de forma impactante, em 2016, ao ganhar a eleição. Só que, como prefeito, o mandato foi de sucessivos tropeços. O eleitor respondeu nas urnas.

De 2021 até aqui, nos três anos e alguns meses fora do poder, não manteve a mesma musculatura e o mesmo fôlego para reerguer sua carreira política, tanto que nas eleições deste ano nem sequer formou chapa de candidatos a vereador em seu partido, o Avante, nem no Podemos, legenda aliada da coligação "Bons para Nanuque".

Se ainda quiser permanecer na política de forma mais atuante, quem sabe vindo novamente como candidato a prefeito em 2028, Roberto, que faz 57 anos em fevereiro, terá de se reinventar na vizinha terceira idade, de recomeçar do começo. Em linhas gerais, será preciso se “reformatar”, numa plena reconfiguração de sua imagem política.

Pode ser tarefa difícil, muito difícil até, mas alguém já disse que a política é a arte do possível. E nisso eu acredito. E vida que segue. (Texto: Prof. Ademir Jr.)

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